
A seguir, selecionei algumas pinturas, todas relacionadas a este episódio bíblico. Note-se as peculiaridades de cada uma delas, os seus detalhes e as singularidades imaginativas de seus autores. Sem dúvida, uma maravilha!
Neste vídeo (veja abaixo transcrição em espanhol publicada no blog "Los Fallos de Darwin") referente a uma conferência de 7 de outubro de 2009, na Califórnia (EUA), o ideólogo inglês Richard Dawkins faz uma comparação que beira ao patológico. Segundo ele, as pessoas que negam a evolução agem de maneira parecida com aqueles que negam o Holocausto nazista.
Será que Dawkins acha mesmo que alguém vai abraçar o darwinismo por simples receio de ser comparado a um negacionista do Holocausto?
A “Seção Lombroso” foi então inaugurada por volta do ano de 1914, dando conta desta necessidade estabelecida em lei (Maciel, 1999). Ela era um projeto importante em termos assistenciais na ótica de Juliano Moreira. Segundo este (Moreira, 1905, p. 54)
Só ficará completa a missão do Estado no que diz respeito à Assistência Alienados do Distrito Federal, no dia em que fizer construir pavilhões especiais para mentecaptos que praticarem crime e para criminosos que ensandecerem, ou nos asilos comuns ou nas proximidades das prisões.
No início do seu funcionamento, a maioria dos seus pacientes eram indivíduos acusados de homicídio, embora também houvesse muitos homens que não tinham cometido crime, ou que simplesmente eram contraventores ou não se adequavam a “moral social vigente”, como “estelionatários”, “vadios”, “alcoolistas” e “pederastas” (Maciel, 1999, p.151). Indivíduos que engrossaram as primeiras levas de pacientes do M.J. Segundo Maciel (1999, p.148), Heitor Carrilho começou sua atividade clínica na “Seção Lombroso” em 1916, de quando é datado o “Livro nº1 de Observação dos Pacientes” da “Seção Lombroso” e do Manicômio Judiciário, parte do acervo do Setor de Documentação Médico do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico Heitor Carrilho.
No ano de 1919 a situação da “Lombroso” já não era das mais estáveis, não dando conta dos seus objetivos (Maciel, 1999, p.146 e 152). Até que bem no início do ano de 1920 uma grave revolta de pacientes ocorreu no H.N.A. Sobre o seu início, Lima Barreto nos legou um relato muito interessante. Tendo um indivíduo subido ao telhado do hospício “(...)
Começou a destelhar o edifício (...) ele o fazia na presença da cidade toda, pois na rua se havia aglomerado uma multidão considerável (...) Num dado momento, trepado e de pé na cumeira, falando, os braços levantados para o céu fumacento, esse pobre homem surgiu-me como a imagem da revolta...” (Barreto, 1986, p.19)
Depois deste evento, uma revolta. Um grupo de indivíduos da “Seção Lombroso” sob a liderança deste mesmo homem, R. D. E., queimou e empilhou colchões, e em furor jogaram objetos e agrediram guardas, enfermeiros, acadêmicos e médicos, além de ameaçarem o administrador e sua família que residiam nas dependências do hospício. A proporção tomada pelo incidente pode ser apreendida com o contingente direcionado para sua repressão: polícia, bombeiros, praças do exército, delegado e Chefe de Polícia, com a presença do próprio Ministro da Justiça (Engel, 2001 a, pp. 295-296; Maciel, 1999, pp.113-118; Carrara, 1998, p.193). Mais uma vez temos o relato - desta vez mais atemorizado - deLima Barreto:
“Dia 27/01/1920. Revolta dos presos na casa-forte [provavelmente se refere à Seção Lombroso]. A revolta é capitaneada pelo D.E, o tal que subiu no telhado. Estão chegando bombeiros e forças de polícia. Os revoltosos armaram-se de trancas. A rua encheu-se; há um movimento de carros, automóveis com personagens, e força de polícia e bombeiros. Já tenho medo de ficar aqui” (Barreto, 1986, p.34)
Estes eventos foram também descritos por Heitor Carrilho (Carrilho, 1920). O saldo foram muitos estragos e depredações, além de 11 guardas feridos. Foram convocados para repressão ao movimento vinte praças da Brigada Policial e 45 soldados dos bombeiros (idem). Muitos indivíduos fugiram. O incidente teve muita repercussão na imprensa, que criticou bastante a administração de Juliano Moreira, que via-se mais uma vez a voltas com ataques da imprensa (Maciel, 1999, pp.116-117). Para o Jornal do Brasil e o Correio da Manhã, a administração de Moreira era culpada pela superlotação, a falta de guardas e enfermeiros, as péssimas condições de vida na instituição e ausência de tratamentos (idem). Meses depois ocorreu outra revolta, mas bem menor, e foi ela que provavelmente “apressou a votação de verba extra necessária para a construção do manicômio criminal” (idem, p.122-123). Poucos meses depois, em abril, foi lançada a pedra fundamental do Manicômio Judiciário.
Esta instituição representou uma significativa vitória médico-psiquiátrica (Antunes, 1999, p. 115), demarcando o domínio psiquiátrico dos âmbitos da perícia e da custódia (Carrara, 1998, p.220). Deveria ser destinado, nas palavras de Carrilho (Carrilho, 1920), em grande parte, aos “anômalos morais perigosos”, objetivando a “defesa social”, repressão e a “profilaxia criminal”. Porém, sua gênese decorre, em grande medida, de categorias diagnósticas ambíguas como as de “degenerado”, que analisaremos ao longo desta dissertação. Como aponta Carrara:
“Foi a partir do momento em que, nos tribunais, alguns criminosos passaram a ser classificados como degenerados que os meios socialmente instituídos para o controle e repressão aos transgressores viram-se paralisados, comprometidos em seu funcionamento (...) Casos mais ou menos escandalosos vão surgindo motivando psiquiatras e magistrados a lutar em prol da construção de um asilo criminal” (Carrara, 1998, pp.191 e 197).
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É isso!
"Ordem e Progresso, inscrição de nossa bandeira nacional, expressou o movimento de alinhamento dos republicanos brasileiros à perspectiva positivista comteana, para a qual a construção da nova sociedade não poderia prescindir do entendimento de que “a ordem constitui sem cessar a condição fundamental do progresso e, reciprocamente, o progresso vem a ser a meta necessária da ordem”. Neste sentido, Comte enfatizou que o princípio de ordem só poderia ser constituído a partir de princípios científicos e que, portanto, o progresso estaria, necessariamente, vinculado ao desenvolvimento da ciência, mais precisamente, da ciência positiva.
Se pela via do positivismo, as elites brasileiras enfatizaram a importância da ordem e da hierarquia para o progresso social, pela via do spencerismo, justificaram a sua naturalização. Sob o mote - “sobrevivência do mais apto”- e tomando como referência de grau evolutivo mais desenvolvido o modo de vida da população mais abastada dos países ricos, Herbert Spencer advogava a idéia de que as diferenças sociais seriam resultado natural de um processo evolutivo, oriundo do conflito e da competição entre os homens. Aplicando a tese darwiniana da seleção natural às sociedades humanas, Spencer procurou justificar as diferenças de classe, de poder aquisitivo, de habilidades cognitivas, de valores morais. Pautado no argumento científico positivo, ofereceu um modelo explicativo, dentre outros fatos, para a ocorrência da expansão da pobreza pós-revolução industrial, para o imperialismo europeu sobre as nações menos desenvolvidas bem como, para a idéia de superioridade da raça branca frente às outras raças.
Se na seleção natural de Darwin a questão da sobrevivência e da evolução passava pela adaptação dos seres aos determinantes da natureza, no spencerismo a superioridade do indivíduo se daria por um processo crescente, de sucessivas adaptações aos imperativos da nova sociedade, sociedade esta, pautada no conhecimento científico e na tecnologia. Sendo assim, este modelo filosófico além de buscar justificativas para o fato, por exemplo, de o capitalista ocupar o topo da cadeia “sócio-evolutiva” - visto que alcançou o domínio da teoria da ciência e a propriedade dos meios de produção -, ou justificar o lugar de subordinação ocupado pela maioria trabalhadora - na medida em que “suas mãos”, tão carentes de evolução quanto sua capacidade de pensamento, dependiam do planejamento e da propriedade alheia para materializar sua força de trabalho em mercadorias -, também, deixava em aberto a possibilidade do trabalhador, caso se empenhasse, por gerações seguidas, em adaptar-se aos imperativos da nova sociedade, de um dia poder conquistar habilidades e propriedades que lhe permitiriam ascender ao lugar de indivíduo dominante na estrutura social.
Tomando como ponto de partida a orientação burguesa do livre jogo das forças individuais e depositando no indivíduo a responsabilidade pelos problemas e contradições sociais, Herbert Spencer, se posicionava contra a intervenção do Estado na economia e na educação - para ele, tanto as empresas quanto os indivíduos estavam sujeitos ao princípio da auto-adaptação, imposto pelos desígnios do mercado. Porém, ao analisar as necessidades da agenda capitalista novecentista, frente às condições de vida e de formação – sobretudo, moral - da população trabalhadora, este filósofo inglês defendeu a importância da transmissão de rudimentos científicos para o proletariado. A defesa tanto de Spencer quanto de Comte ao ensino da ciência - ciência enquanto conhecimento prático, utilitário -, evidenciava uma clara oposição destes filósofos contra o ensino religioso, o qual, segundo eles, pouco podia contribuir para uma sociedade movida pela técnica e pelo paradigma da ordem e progresso.
Tendo em vista, portanto, a necessidade de disciplinar os trabalhadores e torná-los aptos para o trabalho livre e regular, de prepará-los para a vida política e de criar um senso coletivo de pertencimento nacional num país de dimensões continentais, culturalmente muito diverso, a classe dominante brasileira se valeu das contribuições de filosóficos, políticos e reformadores da sociedade, dentre os quais Spencer e Comte. Estes, embora não fossem educadores, na acepção da palavra, desenvolveram teorizações que serviram de alicerces ideológicos sobre os quais ergueu-se a nova nação brasileira e seus aparelhos de difusão e sustentação, dentre os quais, a escola burguesa para todos.
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É isso!
Fonte:
DANIEL VIEIRA DA SILVA: “EDUCAÇÃO PSICOMOTORA NO BRASIL CONTEMPORÂNEO: de como as propostas tangenciam a relação educação-trabalho.” (Tese apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Doutor, Programa de Pós-Graduação em Educação – Área Educação e Trabalho, Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná. Orientadora: Profª Drª Lígia Regina Klein). CURITIBA, 2007.
Nota:
A imagem e o titulo não se inserem na referida tese.
A vós, grande criador do Comunismo, nossa ciência nacional é devedora dos relevantes esforços com que a enriquecestes e a elevastes perante todo o mundo, da proteção fornecida contra os perigos que a pudessem afastar dos interêsses do povo, dos auxílios que destes para vencer as lutas contra os reacionários, e das atenções tributadas para o crescimento contínuo da ciência dos trabalhadores.
Continuador da obra de Lenine, vós salvastes, para benefício da biologia materialista, os ensinamentos do grande transformador da Natureza, I.V.. Michurin, elevando o michurinismo perante tôdas a ciências como o único movimento progressista das ciências biológicas. Graças a isso, as bases naturais do marxismo-leninismo despertaram o orgulho do mundo, pois suas conquistas so confirmadas pelas experiências históricas, e, por isso, estão sendo levadas sempre mais à frente.
Vós, nosso prezado chefe e guia, díàriamente contribuís para que os cientistas soviéticos elevem nossa ciência progressiva e materialista para poder servir à nação, ciência que exprime o novo anseio do mundo e dos homens da nova sociedade.
O sistema de fazendas coletivas, estabelecidos sob vossa aguda visão, abriu tremendas possibilidades para tôdas as fôrças criadoras, ao mesmo tempo que provou seu poder invencível. O Partido de Lenine-Staalin guiou combatentes decididos em prol de uma agricultura mais produtiva, e de uma pecuária mais rendosa. O michurinismo, chamado por vós para desenvolver, sob bases mais positivas e revolucionárias, investigações científicas para transformar a natureza das plantas e dos animais, tem fornecido meios aos homens práticos para melhorar a agricultura socilista. Em troca, o povo progressista das fazendas coletivas, inovador da produção em bases competição socialista, enriqueceu nossa ciência com novos métodos e novas conquistas.
Asseguramos a vós, prezado José Vissarionvich, que devotaremos todos os nossos esforços para colaborar com as fazendas coletivas e estaduais no aumento da produção de nosso país, que constitui um dos pontos mais importantes da transição do socialismo para o comunismo, Vmos, para isso, possibilidades na cooperação mais estreita entre a, Ciência, a nação e o povo progresista das cidades coletivas, como nos tendes ensinado a nós, bolchevistas ou não, do Partido. Ciência que se distancia do povo e que não é útil, não é ciência.
Nossa agrobiologia, desenvolvida por Timirjarzev, Michurin, Willlams e Lysenko, é a mais desenvolvida do mundo. EIa não sòmente é a legítima herdeira dos pensadores avançados da História, como representa uma nova e mais alta conquista do conhecimento humano.
A doutrina de Michurin é um degrau a mais no desenvolvimento da biologia materialista. Os michurinistas levarão mais adiante o darwinismo criador, denunciarão as ciências burguesas e libertarão de idéias metafísicas os pesquisadores, pois uma ciência biológica rejeita, e expurga, as idéias viciadas da impossibilidade de dominar a Natureza.